
Ela era uma miúda cheia de sonhos, mas sim era uma miúda. Uma miúda que acreditava no amor. E desde aquele dia, que começaram a namorar, o sol brilhava intensamente dentro do coração, os olhos brilhavam sempre que falavam no amor. Mas de repente tudo mudou, tudo se desfez como uma poeira de fumo, todas as crenças, todos os sonhos foram derrubados. E naquele dia ele disse que tudo estava acabado, que queria estar sozinho, que queria pensar na vida. Ela nunca percebera o ponto de vista do namorado, nunca percebera a razão pela qual ele a queria deixar. Talvez a sua ingenuidade de juventude não tivesse ainda a percepção de conseguir saber porquê. Até porque a única explicação que a vida lhe dera até aquele momento era um simples e derradeiro “porque sim”. Mas com o tempo o choro transformava-se em lágrimas secas e o sofrimento em vómitos lentos e dolorosos, porque aquele seria o seu verdadeiro amor. E com esse tempo veio também a explicação, a razão que o levara a tomar aquela atitude insensata, e talvez errada. E essa razão, trouxe ainda mais sofrimento, essa razão trouxe novas lágrimas, essa razão fez com que ela quisesse esquecer completamente o passado e assentar os pés na terra, porque no fundo ela sabia que a tal rapariga por quem teria sido trocada era apenas uma paixão de momento, que não tardava em acabar. Mas na sua cabeça não o queria mais, pois só de pensar na humilhação que estava a passar, no sofrimento que ele tinha causado ao seu pobre coração, a levava até a desejar nunca o ter conhecido. Porque agora eram apenas recordações da sua história mais linda de amor. Mas foi exactamente naquele momento que decidiu pôr fim àquele sofrimento. Secar todas as lágrimas, erguer a cabeça e deixar de ser a burra e ingénua que teria sido até então. A jovem bem sabia que não iria ser fácil, teria sim um caminho a percorrer, no início um caminho que parecia não ter fim. Com o decorrer dos tempos, alguém apareceu, esse alguém trouxe-lhe um novo brilho nos olhos. Não um brilho igual ao que tivera á uns meses, mas um brilho de paz, de carinho e compreensão. Ele sabia a sua antiga história, ele sabia o quanto ela tinha sofrido por aquele amor. Susana esteve dois meses a lutar pela sua felicidade, e sabia-o bem que estava a conseguir. Sentia o seu coração a sorrir, desta vez sentia-o novamente a bater. Ele podia não ser igual ao seu primeiro amor, mas completava-a. Ele fazia-a sentir especial, amada e compreendida. Mas no fim algo correu mal. Não na sua relação concretamente. Aquele rapaz que a tinha deixado á pouco mais de três meses, voltara para lutar pelo seu amor. Por um lado tinha o seu novo amor, que nunca a tinha magoado, que a tinha ajudado a suportar todo aquele sofrimento. Aquele novo amor que a fez sorrir de novo, mostrando-lhe um novo caminho para a felicidade. Por outro lado tem o amor que sempre sonhou. Tem a pessoa que verdadeiramente amou. Mas que a deixou, que abandonou por uma rapariga que sabia bem que nunca lhe chegaria aos calcanhares. Mas agora todas as lembranças voltaram, todos aqueles sofrimentos. E na cabeça dela, só lhe resta uma dúvida, deixar tudo por o amor da sua vida, ou esquecê-lo por tudo o que passou e seguir em frente? Esta rapariga sou eu.